domingo, 22 de julho de 2012


Painel recomenda antirretrovirais a todos os pacientes com HIV
22 de julho de 2012  12h42  atualizado às 13h22


Um painel internacional de saúde recomendou pela primeira vez que todos os pacientes com o vírus HIV sejam tratados com remédios antirretrovirais, mesmo quando o impacto do vírus no sistema imunológico se mostra pequeno.
A Sociedade Antiviral Internacional, uma entidade sem fins lucrativos, citou novas evidências de que a infecção com o vírus da imunodeficiência não tratada causa aids e pode levar a vários outros problemas, incluindo doenças cardiovasculares e renais. Além disso, dados mostraram que combater o HIV reduz o risco de uma pessoa infectada transmitir o vírus a outra.
"Não estamos mais apenas concentrados nas infecções tradicionais da aids. Sabemos que o HIV está danificando o corpo a todo momento em que não está controlado", afirmou a Dra. Melanie Thompson, pesquisadora do Consórcio de Pesquisa do HIV em Atlanta e membro do painel da Sociedade Antiviral.
As recomendações são globais, mas principalmente focada em países "ricos na pesquisa", que podem cobrir os custos das medicações, afirmou. As diretrizes foram publicadas no Journal of the American Medical Association no começo da conferência 2012 da Sociedade, que ocorre de domingo a sexta-feira em Washington.
Além dos estudos mostrando que o tratamento com drogas antirretrovirais reduz o risco de transmissão do HIV, testes mostraram um efeito protetor quando o remédios são usados por pessoas em risco e não infectadas com o vírus.
Os órgãos reguladores da saúde nos EUA aprovaram no começo deste mês o uso de Truvada, da Gilead Sciences, para adultos com HIV negativo, mas que estão sob risco de adquirir o vírus. Como outras drogas antirretrovirais, a pílula foi fabricada para manter o vírus que causa a aids sob controle, suprimindo a replicação viral no sangue.
"As drogas são convenientes, têm poucos efeitos colaterais e seus benefícios estão se tornando cada vez mais claros, tanto para as pessoas infectadas quanto do ponto de vista da saúde pública", disse o Paul Volberding, diretor do Centro de Pesquisa de aids da Universidade da Califórnia e outro membro do painel.
Reuters

quinta-feira, 19 de julho de 2012


Mortes por aids caem 24% no mundo

Redução se refere ao período 2005-2011; países em desenvolvimento elevaram em 15% os investimentos no combate à doença, diz ONU

19 de julho de 2012 | 3h 04
LEONENCIO NOSSA / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo

O número de mortes causadas pela aids caiu 24% no mundo entre 2005 e 2011, aponta relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) apresentado ontem em Brasília. O total de óbitos passou de mais de 2,2 milhões em 2005, quando chegou ao grau mais elevado, para 1,7 milhão no ano passado. A melhoria ocorreu, sobretudo, graças ao tratamento com antirretrovirais.

De acordo com a ONU, na década de 1980, o tempo de vida dos soropositivos era, em média, de cinco meses. Hoje, ultrapassa dez anos. No ano passado, os infectados pelo vírus HIV alcançaram a casa dos 2,5 milhões, o que a ONU considera baixo. Ao todo, 34,2 milhões de pessoas no mundo vivem com o vírus.
O coordenador da Agência das Nações Unidas de Luta contra a Aids (Unaids) no Brasil, Pedro Chequer, destacou que o acesso ao tratamento da doença tem tido papel fundamental na sobrevida dos pacientes. Ele elogiou a posição do Brasil, considerada um exemplo no mundo, e afirmou que a universalização do acesso aos medicamentos pode ser alcançada daqui a três anos.
"Parte dessa vitória se deve ao Brasil. Desde os anos 1990, o País se mantém firme na política de tratamento, apesar de momentos de dificuldade econômica", disse. A postura do Brasil se reflete na cobertura de tratamento com medicação antirretroviral usada na América do Sul, com atendimento a 70% dos doentes. Esse é o maior alcance de todos os continentes, disse Chequer.
O relatório da ONU lembrou que é preciso combater o preconceito em relação à aids. Para Chequer, a discriminação ainda é um grande vilão contra a prevenção e o tratamento do HIV.
Investimentos. A ONU detectou ainda um aumento de 15% nos investimentos dos países em desenvolvimento no setor. No ano passado, os países pobres investiram US$ 8,6 bilhões no combate à aids. Esse aumento foi o suficiente para a ONU divulgar seu relatório num clima de otimismo. "Já apresentei muitos relatórios. Devo dizer que esse é um dos mais positivos", afirmou Jorge Chediak, coordenador residente da ONU no País.
"O perigo está na crise, por isso é preciso garantir que os países em desenvolvimento mantenham os investimentos", disse. Das 34,2 milhões de pessoas que vivem com o vírus HIV no mundo, 30,7 milhões são adultas e 16,7 milhões são mulheres.